Em março de 1937, o técnico de futebol húngaro Izidor Kurschner desembarcou no Rio de Janeiro, fugindo da perseguição nazista. Foi imediatamente contratado pelo Clube de Regatas do Flamengo, que exatamente naquela época estava formando um time de craques, com Domingos da Guia, Fausto dos Santos e Leônidas da Silva, o Diamante Negro. Nome importante no futebol europeu era perfeito para os objetivos do clube carioca.
Kurschner começara a sua carreira em 1994, quando tinha 19 anos, jogando pelo MTK (Magyar Testgyakorlók Kore/Círculo Húngaro de Educação Física) criado com a participação de judeus húngaros. Ganhou o tricampeonato nacional (de 1909 a 1911) e foi convocado para a seleção nacional. Em 1928, passou a atuar como técnico do time, Jimmy Hogan. No ano seguinte, Kurschner foi para a Alemanha, onde preparou duas equipes que se sagraram campeãs. Em 1925, tornou-se treinador do Grasshoper-Club, de Zurique na Suíça, com espantoso sucesso: venceu sete títulos nacionais. Sua carreira ia de vento em popa, até que Adolf Hitler apareceu em seu caminho. Com o antissemitismo se disseminando pela Europa, Kurschner decidiu abandonar tudo e vir para o Brasil.
No Flamengo, ganhou o apelido de Dori e fez a festa. Implantou as ideias que desenvolvera na Europa, revolucionando o futebol brasileiro. Na copa do mundo de 1938, assessorou a seleção brasileira, dando origem ao chamado “jogo bonito” do futebol brasileiro. No ano seguinte, quando estourou a Segunda Guerra Mundial, foi contratado pelo Botafogo. Mas não teve muito tempo de fazer o time alvinegro brilhar. Morreu em 1941, aos 56 anos, acometido de um vírus raro.
Kurschner, ou Dori, foi um dos muitos judeus e não judeus que se exilaram no Brasil por causa do fascismo, do nazismo, do nazismo e da Segunda Guerra. A enorme diáspora trouxe para cá algumas das mentes mais brilhantes da Europa, em diversas áreas: música, artes plásticas, literatura, balé, circo, arquitetura, ciência, engenharia, medicina, jornalismo, empreendedorismo e filosofia.
Nas próximas semanas falaremos de outros técnicos judeus como Bella Gutmann, inventor de uma técnica ousada no futebol, o WM, campeão europeu pelo Benfica, campeão paulista pelo brilhante esquadrão do São Paulo Futebol Clube e outros. Se você conhecer outros casos de técnicos, dirigentes, jogadores, juízes, cronistas ou comentaristas esportivos de origem judaica, por favor envie-nos para o WhatsApp 11 985872222 ou pelo e-mail mauricio@abcdados.com.br. Já recebemos contribuições e agradeceríamos muito seu apoio.
Mauricio Lindembojm Mindrisz
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