Massoret Habrit (MH) – Nesta retomada do MH, e conforme nosso compromisso, externado na passada, de entrevistar mulheres prioritariamente, a entrevistada da semana é Rebeca (Rivka), a esposa de Isaac. Ela é de Aram, para onde o enviado de Abraão, Eliezer, vai buscar uma noiva para seu filho. Como sabemos, Abraão não queria que seu filho se casasse com uma canaanita, e por isso manda seu enviado para Aram. Eliezer se encontra com Rebeca ao lado de um poço. Ela lhe dá água, e também para seus dez camelos, e fica sabendo que Rebeca é exatamente a mulher que ele procurava. Filha de Betuel, irmã de Labão. Era prima de Abraão.
Eliezer a presenteia com pulseiras, anéis e outra joias de ouro, o que enche de cobiça os olhos de Labão. Ela parte para a casa de Abraão. Isaac e ao se aproximar da casa de Abraão, ela avista Isaac e teu uma agradável surpresa. Rebeca, diga-nos é verdade que você, Rebeca, caiu do camelo quando avistou Isaac pela primeira vez? E confirme para o HM que vocês dois foram o primeiro caso na Torá de amor à primeira vista.
Rebeca - Antes de responder diretamente às suas perguntas, preciso explicar uma coisa. Antes de partir, morava om minha família, gostava muito de todos, mas tinha meu irmão, o Labão que ficava me importunando o tempo todo, dizendo que eu precisava ajudar mais nos trabalhos da casa, arrumar um marido rico, que a família não estava conseguindo manter as contas em dia, ele até tentou arrumar uns caras ricos lá de Ur para se casar comigo, mas eram ou velhos ou muito feios e a todos eu disse não. Falei para o Labão que eu queria me casar por amor, com o homem que eu quisesse, fosse ele rico ou pobre. Labão me dizia: Amor? O que é isso? Você vai se casar com quem a gente quiser. Ficava um clima difícil aqui em casa. No dia que eu encontrei o Eliezer, lá ao lado do poço e dei lhe de beber e aos seus camelos, a maneira que ele me abordou me deixou muito feliz. Quando ele me presenteou com aquelas joias fiquei tão feliz, não . pelo valor delas, mas pela beleza, graça e fineza e elas combinavam muito comigo. Parti feliz, meu irmão queria mais joias, mas permitiu que eu partisse.
A viagem para Canaã foi agradável, o Eliezer me falando de Abraão, de Sara e de Isaac. À medida que ele me falava, mais eu tinha certeza que havia escolhido o caminho
certo. A hora que eu fui chegando, o Eliezer me aponta o Isaac, que me esperava com um sorriso encantador, me emocionei, que sim, de verdade, caí do camelo e fui ao chão e ele prontamente veio me ajudar e nos beijamos ali mesmo. Foi sim, amor à primeira vista , mas eu estava apaixonada por ele desde que parti.
MH – Mas o começo do casamento foi difícil, você não conseguia dar filhos ao Isaac e depois que você teve uma gravidez muito difícil. Fale-nos disso.
Rebeca - Sim, mas o Isaac não ficou tão preocupado, ele me disse que a mãe dele era estéril e que o gerou com 90 anos. Eu tinha uma vantagem, em relação à minha sogra. Éramos ambas estéreis, é verdade, mas eu era muito mais nova que Dona Sara. Então Isaac orou a Deus por mim, eu engravidei de gêmeos. Foi uma gravidez difícil, pois as crianças lutam no útero. Quando eu passava por locais de adoração de ídolos, parecia que um dos bebês ia sair de dentro da minha barriga. Quando passava por locais de estudo da Torá, parecia que o outro bebê ia sair. Cheguei a pensar que ia perder os meus filhos. Aí dirigi-me diretamente a Deus e perguntei: Por que existo? E ela foi consultar o Eterno. E o Eterno respondeu, explicando explica que a luta que ocorre em seu ventre continuará no mundo, e que o gêmeo mais velho servirá ao mais novo.
MH – Rebecca você foi a primeira pessoa na Torá a iniciar uma conversa com Deus. Nem Adão, nem Eva, nem Noé, nenhum deles inquiriu Deus - todos eles respondem às Suas perguntas ou aos Seus mandamentos. Mesmo Abraão, que é famoso por responder hineini (“aqui estou!”) ao chamado de Deus. Não é ele quem inicia a conversa. Abraão desafia a Deus sobre a destruição de Sodoma e Gomorra, mas somente depois que Deus compartilha o plano divino com ele, abrindo a porta para a resposta de Abraão. Foi você, Rebeca, a partir de uma luta muito corporificada e pessoal, que pede uma resposta a Deus e a recebe.
Rebeca, tem uma coisa que é estranha no teu comportamento. A tua preferência total pelo Jacob e uma aparente rejeição ao Esaú. Isso, ao que me parece, não tem sido o comportamento de uma mãe judia. Explique-nos, por favor.
Rebeca - Explico, mas acho que não justifico. Desde que ouvi a resposta de Deus, em um momento desafiador de minha vida, quando achei que a resposta me dava o caminha a trilhar com meus filhos. Só para te falar. Depois de 13 anos de escolaridade, Jacob continuava firme na educação judaica superior enquanto Esaú seguia uma vida de depravação onde a idolatria é uma prática comum. Não tive nenhuma dúvida de que lado deveria estar.
Só depois aprendi que as crianças com deficiências de aprendizagem não apenas na escola, mas 24 horas por dia, sete dias por semana, podem levar seus pais à frustração diária, ansiedade e tensão em suas vidas cotidianas. Recentemente, com o avanço da psicologia infantil, e assisti até no Fantástico, da Rede Globo, umas semanas atrás que o caso do Esaú era um caso de hiperatividade ou de TDA.
MH – Então, você acha que foi injusta com Esaú? E será que essa preferência de Isaac pelo primogênito não foi para protegê-lo. Justiça teria sido você a dar a teus filhos o que cada um precisa individualmente, e não tratá-los da mesma maneira. Desculpe, mas você acabou demonizando Esaú?
Encerrando nossa entrevista, pelo que entendo, em poucas palavras, responda. Hoje você se arrepende de naquele momento, no leito de morte de Isaac, você ter ludibriado-o e ter garantido, a benção que seria do primogênito para Jacob?
Rebeca – Não, engano seu. Acho que fiz o que Deus queria que eu fizesse.
Mauricio Lindembojm Mindrisz
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