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Parashá: Vayetze

Massoret Habrit (MH) – Nesta terceira semana de retomada do Massoret Habrit, deu-se uma situação diferenciada das anteriores com Sara e Rebeca, quando fomos a elas para entrevistá-las. No caso, as duas entrevistadas desta semana, Bilá e Zilpá, duas irmãs, que pelas primeiras informações eram escravas das irmãs Lea e Raquel, filhas de Labão, o arameu. Elas é que nos procuraram com algumas reivindicações. Como esta é uma tribuna aberta e democrática, atendemos as duas irmãs.

Bilá, Zilpá, por favor se identifiquem para nossos leitores. Vocês são escravas mesmo? Escravas egípcias como a Hagar? A madrasta do Isaac. Quem de vocês fala primeiro.

Bilá – Eu respondo primeiro, afinal fui eu quem de nós duas, apareceu primeiro na Torá. Nós não éramos exatamente escravas da Raquel e da Lea, como pode parecer, mas sim meio irmãs dela, por parte de pai, mas sem muitos direitos, por isso muitos acham que somos escravas. O pai de todas nós e de outras meninas é o Labão, que não teve filhos homens. Apesar de sermos meio irmãs delas a gente era meio da senzala, entende né? Nossos quartos eram fora da casa grande, não fazíamos refeições com meu pai, e sim com a minha mae e as outras meninas. E eu tinha que atender todas as demandas da Raquel, de quem eu era escrava. Dar banho, servir comida, tudo enfim. Como era ela estéril, tive até que gerar dois filhos para ela, o Dan e o Naftali

MH – E com você, Zilpá era a mesma situação?

Zilpá – Praticamente a mesma. Só que eu servia a irmã mais velha, a Lea, e além de tudo que a Bilá tinha que fazer para a Raquel de serviços do lar, eu tinha que servir de “ombro” quando a Lea chorava, porque não era ela a preferida do Jacob. Uma coisa não entendi é que tive que gerar dois filhos para a Lea, mesmo ela não sendo estéril, .o Gad e o Asher. Curiosamente depois que geramos os quatro filhos para as “patroas” as duas tiveram mais quatro filhos: Issachar e Zevulun de Lea e José e Benjamim de Raquel

Foi por isso, que viemos aqui para reivindicarmos o direito a assumirmos de fato a maternidade de nossos quatro filhos, pois afinal nós os geramos. Tudo bem que eles viviam na “Casa Grande” , mas tenho certeza que eles carregaram com eles também a alma da “senzala”, que certamente os fizeram serem pessoas mais íntegras.

Bilá – Vocês não têm a ideia do sentimento de esquecimento que sentimos, quando a gente ouve a milhares de anos, as orações feitas, mesmas em serviços inclusivos, quando nas rezas de “Elohei Sara, Elohei Rivka, Elohei Lea, Elohei Rachel” e nossos nomes não são citados e pior ainda quando no encerramento do festivo Seder de Pessach, ao cantarmos o Echad Mi Iodea, chega no “Arba, mi iodea? (Quatro? Quem sabe o que é quatro? E a resposta: Quatro são as mães, Três são os pais, Duas são as tábuas da Lei um é o nosso Deus, no Céu e na Terra!).

MH – Então, qual a reinvindicação de vocês?

Zilpá – É exatamente essa. Nas orações seguidas no Sidur, incluírem os nossos nomes depois dos nomes da Raquel e da Lea (ou da Lea e da Raquel?) – Bilá e Zilpá (na ordem da geração dos filhos. E principalmente no “Echad Mi iodea” (ou em ladino do “Quien supiesse e entendiesse?”) mudarmos as estrofes que se referem ao seis ou ao quatro . “Shishá mi iodea? Shishá Ani iodea, Shishá sidrei mishná’ por “Shishá ani iodea. Shishá imaot. E segue... E como fica o quatro? Tem tanta coisa com quatro, até no próprio Seder de Pessach- quatro cálices de vinho, quatro – as crianças da Hagadá (a inteligente, a malvada, ingênua e a que é muito jovem para perguntar).

MH – Justo. Parece justo.

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