פרשת השבוע Parashat haShavúʿa
A palavra parashá |פרשה| (plural parashot |פרשות|) quer dizer porção e a expressão parashat hashavúʿa |פרשת השבוע| se refere à leitura semanal da Torá (Pentateuco) conforme sua divisão em 54 porções para serem lidas anualmente. O sistema é muito antigo e foi organizado para dar conta do calendário luni-solar que utilizamos há vários séculos. O nome da porção deriva da primeira palavra distintiva, quase sempre no seu primeiro versículo. Além das porções que corresponderiam a cada semana do ano, há também algumas leituras extras que ocorrem por ocasião de festividades. Por este motivo é que algumas das 54 partes precisam ser lidas em conjunto (mechubarot |מחוברות|).
Há três sistemas de leitura:
-
o Babilônico, que completa a leitura de todo o Pentateuco no decurso de um ano (começando e terminando em Simchat Torá |שמחת תורה|);
-
o de Jerusalém, que parece não ser mais utilizado hoje, completava o rolo no prazo de 3 anos a 3 anos e meio;
-
o dos movimentos Conservador e Reformista, que fazem a leitura trienal, significando que se lê um terço de cada parashá por ano na ordem (por exemplo, faz-se a leitura do 1o terço no ano de 5780-2020; em 5781-2021, a do 2o terço, no ano seguinte, o 3o e último para finalmente retornarmos para o 1o terço no quarto ano).
Quem estabeleceu definitivamente as porções foi o sábio egípcio Maimônides (século XIII), baseado no texto massorético do Codex de Aleppo.
Em hebraico, os títulos foram retirados da primeira palavra distintiva da primeira ou da segunda frase; já em latim, os livros receberam seus nomes levando em consideração seu conteúdo. Assim, temos:
Bereshit No princípio Gênesis (Gn.)
Shemot Nomes Êxodo (Ex.)
Vayiqra E chamou Levítico (Lv.)
Bamidbar No deserto Números (Nm.)
Devarim Palavras Deuteronômio (Dt.)
מבטא וטרנסליטרציה Chave de transliteração e pronúncia
Transliteração
O hebraico é uma língua semítica com vários fonemas (sons) que não existem em português. A transliteração das palavras é sempre um exercício árduo, pois o que se quer é fazer com que estes fonemas inexistentes em nossa língua tomem forma a partir de letras que tem sua pronúncia bastante estabelecida.
Em nossas transliterações, primamos por dois objetivos fundamentais que necessariamente precisam ocorrer juntos:
-
fazer a transposição utilizando o mínimo de sinais ou formas gráficas desconhecidas;
-
tornar fácil a reversão da palavra transliterada para o original em hebraico.
Para que estas duas premissas se mantenham sempre, é necessário que tanto os fonemas quanto as letras em hebraico estejam representados de alguma forma. Portanto, pode ser que aqui se encontrem palavras grafadas de forma diferente do que costumam ser encontradas em outros lugares (por exemplo, Qôrach |קרח| em vez de Korach – o "q" está mais acuradamente representando o quf |ק|).
Esta escolha se deve ao fato de que nós somos um beit midrash, isto é, temos um compromisso com o ensino e com a exatidão de todo o conteúdo que distribuímos. Apesar disso, no entanto, há fonemas e marcas diacríticas próprias do hebraico que não podem ser representados sem causar muita estranheza e foram, por isso, deixados de lado nessas situações – preferimos, nestes casos, deixar de lado o apuro gramatical em favor da facilidade de leitura.
Continuamos trabalhando para melhorar o nosso sistema de transliteração em prol do conhecimento.
Sílaba tônica
Em hebraico, as palavras são geralmente oxítonas, ou seja, a sílaba forte é a última. Sendo esta a regra, em nossas transliterações do hebraico para português optamos por acentuar apenas as sílabas fortes das palavras que não são oxítonas. Exceção é feita nas palavras terminadas com qamatz e he, indicando, quase sempre, que seu gênero é feminino, como é o caso de Torá. Ou seja, sem o acento, seria pronunciada Torá do mesmo jeito, mas aqui optamos por usar o acento no lugar de um possível h (Torah), pois já existe essa convenção informal em português e ela serve ao nosso propósito de simplificar a transliteração, quando possível.
O uso do acento circunflexo na transliteração do "e" e do "o" quando na sílaba forte é para ajudar a aproximar a pronúncia àquela utilizada hoje pelos nativos da língua hebraica, que pronunciam essas vogais de forma mais para o fechado que para o aberto.